Desde que surgiram na televisão, os desenhos animados são apreciados por todas as idades, mas, principalmente, pelas crianças. Dada essa audiência cativa, é importante considerar o conteúdo que é compartilhado com o público e como isso pode impactar a forma como eles veem o mundo e as relações interpessoais. Uma das questões que surge é a representação do sexo, que pode ser implícita ou explícita. Neste artigo, vamos analisar como o tema aparece na animação Meu Malvado Favorito, de Pierre Coffin e Chris Renaud.

Meu Malvado Favorito conta a história de Gru, um vilão que precisa se reinventar depois de perder espaço para novos malfeitores. Para isso, ele decide roubar a lua, mas acaba se envolvendo com as órfãs Margo, Edith e Agnes. Esse relacionamento com as crianças é central na trama e, apesar de nunca haver cenas explícitas de sexo, há algumas questões a serem consideradas. A primeira delas é a forma como Gru se aproxima das meninas.

Logo no início do filme, ele tenta se aproximar das órfãs fingindo ser um agente da União de Mães e Pais, mostrando que sabe como abordar crianças para conquistar sua confiança. Isso pode ser um alerta para os pais sobre o perigo dos estranhos na vida dos filhos. Ao mesmo tempo, Gru é também um adulto solitário e carente, o que pode ser identificado como um problema emocional a ser discutido.

Além disso, os minions, as criaturinhas amarelas que trabalham para Gru, são frequentemente retratados de forma sexualizada. Em uma cena do filme, elas são mostradas cantando a música I Swear, de All-4-One, vestidas de biquíni, o que pode ser considerado inapropriado para crianças. O uso da música em si, que é uma canção romântica que fala de amor e fidelidade, pode ser interpretado como uma ironia, já que os minions querem ajudar Gru a roubar a lua, mas acabam atrapalhando seus planos.

Outro ponto que deve ser considerado é a relação de Gru com Lucy, a agente secreta que se infiltra em sua casa para ajudá-lo a recuperar um soro que pode transformar os minions em supersoldados. A tensão sexual entre os dois personagens é evidente, mas sempre tratada de forma sutil e bem-humorada. Isso pode ser uma forma de mostrar que o amor pode surgir em diferentes contextos e circunstâncias, mas também pode ser avaliado como uma forma de romantização da violência pela qual os dois passam e que os aproxima.

Em suma, Meu Malvado Favorito apresenta algumas questões sobre a representação do sexo em desenhos animados que merecem ser analisadas com cuidado. Se, por um lado, a animação trata com delicadeza as relações entre adultos e crianças e apresenta uma discussão relevante sobre a solidão dos personagens, por outro, há momentos em que a sexualização desnecessária dos minions e a romantização da violência podem ser interpretadas de forma perigosa. Cabe aos pais e responsáveis avaliar se a animação é apropriada para as crianças que assistem.